China Compra Mineradora Próxima a Reserva de Urânio no Brasil: Entenda a Transação de R$ 2 Bilhões
- Trendz
- 29 de nov. de 2024
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A recente aquisição da Mineração Taboca S.A. pela China Nonferrous Trade Co. Ltd. (CNT), uma estatal chinesa, trouxe à tona discussões sobre o controle e exploração de recursos estratégicos no Brasil. A negociação, avaliada em R$ 2 bilhões, envolve a operação de uma mina localizada na região de Pitinga, Amazonas, reconhecida pela abundância de minerais estratégicos e pela proximidade de uma das maiores reservas de urânio do país.

Os Recursos da Reserva de Urânio de Pitinga e Sua Importância Estratégica
A Mina de Pitinga, localizada a cerca de 300 km de Manaus, é conhecida por sua riqueza mineral, incluindo cassiterita, nióbio, tântalo e estanho. Esses elementos desempenham papéis cruciais em indústrias de alta tecnologia, como na produção de turbinas, baterias, satélites e foguetes. Apesar de conter resíduos de urânio em baixos teores, a extração desse mineral na área não é economicamente viável, conforme a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Adicionalmente, a região abriga uma reserva geológica de urânio que, segundo especialistas, possui um potencial estimado em 150 mil toneladas de concentrado — o dobro das reservas de Caetité, na Bahia, atualmente a única mina de urânio em operação no Brasil.
A Negociação: Impactos e Controvérsias
A operação foi intermediada pelo grupo minerador peruano Minsur S.A., controlador da Mineração Taboca desde 1969. Em comunicado oficial, a mineradora brasileira destacou que a transação abre novas oportunidades de crescimento, especialmente no acesso a tecnologias mais avançadas e na ampliação da capacidade produtiva.
Por outro lado, especialistas e órgãos governamentais enfatizaram que, de acordo com a legislação brasileira, o urânio é um recurso monopólio da União, e qualquer exploração depende exclusivamente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Nesse contexto, o urânio identificado nos rejeitos de Pitinga não pode ser explorado pela empresa adquirida.
A Visão do Governo e Especialistas
O governo do Amazonas classificou a transação como uma operação privada e se comprometeu a monitorar o cumprimento das leis ambientais e trabalhistas. Além disso, reforçou a necessidade de dialogar com os novos controladores para preservar empregos e estimular novos investimentos na região.
Ricardo Gutterres, da CNEN, explicou que a mineração de urânio no Brasil exige notificações obrigatórias às agências reguladoras, como a ANM e a própria CNEN, além da participação ativa da INB. Ele também destacou que os minerais nucleares encontrados em rejeitos devem ser monitorados para garantir a segurança ambiental e radiológica.
O professor Aquilino Senra, do Programa de Energia Nuclear da COPPE/UFRJ, lembrou que a exploração de urânio é complexa e envolve altos custos tecnológicos. Segundo ele, o potencial da reserva de Pitinga é significativo, mas ainda há um longo caminho até que a viabilidade econômica e legal para a exploração seja confirmada.
China e a Estratégia de Recursos Globais
A aquisição da Taboca pela CNT reflete a estratégia da China em garantir o fornecimento de minerais estratégicos para sustentar seu avanço tecnológico. A China Nonferrous Mining Co., controladora da CNT, possui operações de mineração em várias partes do mundo, incluindo a África. Essa expansão reforça a posição da China como líder global no setor de mineração e processamento de metais.
Desafios e Reflexões para o Futuro
A venda da Mineração Taboca destaca a crescente influência estrangeira no setor mineral brasileiro e levanta questionamentos sobre o controle de recursos estratégicos. Embora a legislação garanta a soberania sobre minerais nucleares, a presença de empresas estatais estrangeiras em áreas de grande potencial exige maior atenção das autoridades para evitar possíveis conflitos de interesse.
Além disso, é essencial equilibrar o interesse por investimentos estrangeiros com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Sua Opinião é Importante!
Como você avalia a venda da Mineração Taboca para a China Nonferrous Trade? Considera que essa transação pode impactar a soberania brasileira sobre recursos estratégicos? Compartilhe suas reflexões nos comentários!
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